É natural que a época próxima ao Natal nos faça pensar… É como um balanço, onde avaliamos o passado recente. Se esse foi um ano bom ou ruim, se alcançamos nossos objetivos, se nossos sonhos continuam distantes ou se foram realizados…
É época também de planejar o futuro, agora não tão distante. E há uma certa melancolia no ar. Sentimos saudades dos Natais passados quando éramos felizes e nem tínhamos consciência disso. Cada um de nós sente a falta de alguém que já se foi e essa saudade fica muito mais presente no mês de dezembro.
Quando se pensa em Natal, cada um de nós tem um símbolo fixo na mente: Papai Noel, presentes, nozes, arroz com passas. Para mim, o símbolo do Natal é a árvore. E a que tenho em mente é uma árvore enorme, com galhos muito verdes, bem apoiada e muito, muito enfeitada e iluminada. Andei pensando no significado disso tudo e cheguei à conclusão: todos temos uma árvore de Natal interior. Bem lá dentro da gente. A cada ano colocamos novos enfeites. E cada enfeite nada mais é do que um amigo, um companheiro, alguém que de uma forma ou de outra teve grande importância durante o ano que se encerra. E assim, vamos enfeitando nossa árvore interna pela vida afora, conhecendo pessoas interessantes que colocamos em nossa árvore.
Alguns enfeites com o passar do tempo podem até perder o brilho, mas dificilmente nos desfazemos deles, mesmo que o lugar que eles ocupem agora já não seja mais de destaque.
As luzes do pisca-pisca são os momentos felizes que vivemos durante o ano. Em alguns anos, elas piscam quase que frenéticas; em outros, nem tanto. Mas sempre haverá uma piscadinha por mais fraquinha que seja. E lá no alto, a estrela, ou o enfeite mais bonito. É claro, pois a cada ano, temos no coração uma pessoa que se tornou especial e é lógico que vamos colocá-la num lugar de destaque. Pode ser um filho que chegou, ou um amigo que quase nos carregou nos braços num momento difícil, ou até uma pessoa que sempre esteve por perto e quer só agora enxergamos.
Para segurar tudo isso, o tronco. O tronco são nossos pais que nos ensinaram a alegria e a responsabilidade de manter essa árvore sempre enfeitada. Não podemos esquecer as raízes – nossos antepassados, nossos avós (e o que é um Natal sem os avós?), porque através deles o tronco foi alimentado para que essa árvore pudesse ter galhos.
Minha árvore conta a minha história. A sua, também. Então, olhe para o seu interior e veja como está sua árvore esse ano. Ela está firme? Os galhos estão bem abertos? Ela tem enfeites? Quantos? Ela tem uma estrela no topo? E as luzinhas? Em que velocidade estão piscando? Agora, identifique todos esses elementos…
E se esse ano sua árvore está meio mirradinha, não se preocupe. Vem aí um ano novinho em folha. Aproveite! Abra bem seus galhos para que você possa colocar neles mais e mais enfeites. E procure com carinho uma estrela bem brilhante para colocar lá no alto. Assim, com certeza, suas luzinhas brilharão intensamente!
Suviane Guirado Hoera (Os Papéis de Dentro da Gaveta – 2000)